terça-feira, 28 de abril de 2009

Alma Andrógina

Não, não falo de gênero! Tampouco falo de identidade de gênero, ou relação de gênero! Quiçá de qualquer coisa que se relacione com polaridade! Quero falar da alma! Alma sequer tem gênero! Tem atributos! Entre eles, os atributos feminino e o masculino, formando uma só energia! Aquela que já nos esquecemos que existe, nos afastamos dela pela polarização da dualidade! A androginia é o estado primeiro de nossa alma. É nosso estado natural. Somos a Universalidade e somos a Totalidade! Mas teimamos em viver nesta forma dual que nos tipifica! Estamos, constantemente, tentando nos posicionar aqui e ali,nos opostos, nos margeando, sem tocar o fundo do meio! E para evidenciar ainda mais, alardeamos tudo que nos diferencia! Estou meia de saco cheio disso! Estou a procura do caminho do meio, onde posso encontrar minha alma andrógina! Há um tempo atrás eu li um livro chamado “Quando tudo se desfaz” de Pema Chödron, poucas páginas, mas levei meses lendo-o. A cada página eu buscava em mim mesma! Tão perdida que estava após o acidente trágico que virou minha vida de pernas pro ar! Uma tsunami na minha existência! Neste belo livro a colocação básica é o quanto procuramos nos colocar sempre em oposição à emoção, sentimento ou pensamento que nos incomoda. E raramente, nos deixamos levar pelo caminho do meio! Triste/alegre Depressão/entusiasmo Ódio/amor Hetero/homo Sabe? Isto é muito pobre, mesquinho mesmo com nossa magnificência! Caminhamos, antagônicamente, pela vida! Portanto quero falar do que nos engrandece, nos enriquece, nos faz tocar, apaixonadamente, em nossa beleza divinal! Uops, falar do Divino nos empurra, outra vez, para os opostos, torna-se religioso! Ai, ai, ai, lá vem ela com essa conversinha da divindade! Será? Será mesmo que falar da Divindade que somos me torna menor ou maior? Me polariza? Não é interessante que, ao colocar nossa magnificência sou imediatamente julgada e rotulada? Não é interessante que ao falar da divindade, imediatamente, os pensamentos fervem em oposição? Sem sequer alguém se dar ao trabalho de sentir seu coração? Ai! como somos seres condicionados! Condicionados e lineares! Vamos combinar assim, somos divindades tá? É verdade que um pouco afastadas desta nossa incrível realidade. Incrível? Disse eu? Pois é assim. Esquecemo-nos quem somos! Esquecemo-nos de nossa Divindade Andrógina! Somos lindamente andróginas! Somos alma feminina compassiva, amorosa, acolhedora! Somos alma masculina sábia, criadora, generosa, provedora! Nossa energia não polariza, é Divinamente Andrógina! Sacralidade da verdade e do amor! Está instituído o dia da Androginia! Dia 28 de Abril – este é nosso dia! Portanto: Saudações andróginas!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Nas pedras que os invasores romanos levaram nos cornos

Ahh! Estes Montes Hermínios! O que falar desta magnificência? A bem da verdade, é tal o impacto que eu fiquei muda, estupefacta! A força é tamanha que não resta outra alternativa que não a silenciosa reverência! E a consciência de nossa pequenez! Foi ai, em meio a estonteante Serra, chamada Estrela, que fiquei conhecendo histórias do aguerrido Viriato e seus companheiros, ahh sim e de suas companheiras também, uai, pois elas houveram, mas a gente nem fica sabendo. Que fazer? A história também esconde suas heroínas! Conta a história que os Romanos não conseguiram entrar no que mais tarde seria Portugal, por levarem com as pedras nos cornos. Enquanto Viriato viveu, eles foram abismo abaixo. Só conseguiram quando traidores favoreceram a morte deste bravo Viriato. Coisas deste povo doido pela sua terra! Estes portugueses danados de valorosos! Minha querida e perfeita cicerone tudo me mostrou: Desde a região lindíssima da Beira, aos recantos, a história, as estradas sinuosas e deslumbrantes e a gastronomia, ui! A parte, informo que pela primeira vez em minha vida vi neve! Acho que a sensação é a mesma de quem pela primeira vez vê o mar. Aquela imensidão branca, cristalina, com o frio rompendo as narinas e enregelando as lágrimas. O nevoeiro me enchendo a alma de mistério e o coração de alegria menina! Sentir meus pés, bem protegidos, afundando naquela brancura, me deu vontade de os limpar para não sujar tal alvura! E lá estavam meus sorrisos e minha menina pequena a brincar! Depois, descer pela sinuosidade estarrecedora até Manteigas! Cada curva um Uau!!!!!!! Em Pinhanços nosso descanso e outras delicias numa acolhedora residencial! Folgosinho, pelamordeus! Que lindo berço de Viriato! Sim, estive em Viseu, Seia, Manteigas, Covilhã, Gouveia, Belmonte e Castelo Branco e passei por cada pedaço desta nossa Mãe Terra, que só indo para se ter noção! Este Portugal tão extravagante! Me impressiona quanto de microclimas e de diversidade natural possui! Coimbra sempre me fascinou pelo conhecimeno que porta, e agora, apresentou-me o Portugal dos Pequenitos! Que lição de amor e cuidado em mostrar suas riquezas arquitetônicas, sua história e suas regiões aos pequenos! Uma alegria! Através do belo olhar de minha linda cicerone, também conheci Alentejo e Algarve! Em Cuba, em pleno Baixo Alentejo, a terra daquele que ficou conhecido como Cristóvão Colombo que de genovês não tinha nada, pois ele era bem português, conforme recentes pesquisas, inclusive, constantes do livro "O Codex 632" de José Rodrigues dos Santos. Por estes caminhos, cheguei ao Algarve e senti no meio do coração o pedaço que ficou conhecido como Sagres! E de lá o Grande Infante Dom Henrique iniciou, o que hoje ainda, se processa (somos tão lentos!), a união entre povos! Ali, que os antigos conheciam como o “promontorium sacrum”, de onde mais poderia eu sentir o que senti? Os ventos eram tão fortes que quase fui levada, tonta e sem referência, tal qual uma folha seca! Meus olhos e eu aterrados com tamanha força da natureza! Selvagem mar! Altivas falésias! Desbravadores Portugueses! Traiçoeiros tempos, que pela ganância dos que fomentam a crise, tentam alquebrar este povo que eu, estrangeira perplexa, percebo permanecerem incólumes no espírito indómito! Aqui deixo minha gratidão a este belo Portugal que tanto me acolhe e tão generosamente comparte comigo sua alma!