quarta-feira, 23 de junho de 2010

Férias!

Este blog vai entrar de férias.
A Andarilha está a tratar da papelada necessária para se meter num avião, atravessar o Atlântico com destino a Portugal, porque decidimos casar.
Dado que o tempo é curto para tanta papelada e burocracia (os brasileiros aprenderam connosco) este blog vai dar uns passeios pela praia, dar uns mergulhos e apanhar sol.
Até breve.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Brasileira Dilma Rousseff Entra em Campo



Dizem que brasileir@ não nasce, entra em campo.
E aí vai, nossa mais brilhante representante libertária Dilma Rousseff.
Entra em campo com galhardia e candidata à Presidência da Republica no Brasil!
Brava Dilma!
No time da Seleção dos Brasileiros Patróticos Destemidos jogou em todas as linhas:
No ataque, como militante, sofreu várias contusões por tortura. Mas era,também, uma brilhante defesa, de fazer inveja ao Luizão.
De futebol entendo pouco, graças à minha amada, não passo lá muita vergonha.Ela sim, entende como boa Benfiquista.
Tampouco sou boa política, mas de uma coisa eu entendo: De cidadania.
E fui testemunha do quanto esta brasileira destemida serviu à pátria. Impediu muitos goals do adversário  ilegal, criminoso e inconstitucional: O time da ditadura. Atuou com tanta raça que saiu de maca do campo, torturada, difamada, mas era a Estela, camisa 10 da seleção Brasileira.
Exatamente por esta corajosa participação, hoje é difamada com a mesquinha e covarde frase: “Não queremos uma terrorista como presidente do Brasil”. Frase esta que sai da boca da burguesia que apoiou de forma covarde e omissa a Ditadura brasileira por longos 30 anos. A burguesia reacionária que sorria e aquiescia a tortura, o assassinato, a truculência mas sobretudo a invasão estrangeira na economia e no suspiro de alívio que os USA davam em sua paranóia implantada por Joseph McCarthy.
Aqueles que viveram este período sabem muito bem a era obscura e de terror que vivemos. Terror este sim marcados no povo à ferro e fogo nos porões do Dói-Codi, Dops.
Mas, Dilma entrou em campo. Abriu mão de sua vida, de seu conforto, de seu status (que hoje também é usado contra ela) como filha de um imigrante búlgaro bem sucedido para lutar pela democracia, pela liberdade.
Uma mulher lutadora, íntegra, mulher, cuja última batalha foi travada contra um câncer linfático. Como sempre saiu vencedora.
E nosso Brasil, pela primeira vez na história terá duas grandes mulheres como candidatas à Presidência: A Marina pelo PV e Dilma pelo PT.
Então, num país machista por excelência temos estas mulheres.
Eu, sou mais Dilma, não só pela sua trajetória mas sobretudo por sua postura clara e destemida como mulher que chega à Casa Civil e atua com mestria, enfrentado com muita coragem  a egemonia machista e respondendo na medida às provocações com este tipo de resposta:
“… eu acho interessante o fato de que a mulher, quando ela exerce um cargo com alguma autoridade, sempre é tachada de dura, rígida, dama de ferro ou qualquer coisa similar. E eu acho isso, de fato, um estereótipo.É um padrão, uma camisa de força que tentam enquadrar em nós mulheres.
Vambora Dilma, faz mais um goal libertário para nós!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Ser o que se é




Ser o que se é não é fácil.
Encontramos muitos os obstáculos para tal.
Entre eles, alguns condicionamentos emocionais como, por exemplo, o medo.
E medo não quer dizer em absoluto falta de coragem. Medo quer dizer simplesmente aquele sentimento que nos deixa fragilizadas por dentro.
Temos coragem para tanto! Temos coragem para enfrentar as adversidades da vida, para enfrentar um perigo iminente.
Somos capazes de atos de grande heroísmo, até mesmo movido pelo próprio medo. E a coragem surge, insuflada, energizada pelo próprio medo.
Mas,... o medo de que falo é mais fundo.
É o medo de nós mesmos.
Medo de algo que não conhecemos muito bem.
Interessante!
Somos uma usina de condicionamentos. Somos capazes de forjar condicionamentos com uma matéria prima adquirida ao longo dos anos seja do sistema, da sociedade, seja religioso... são tantas as origens desta terrível matéria prima.
E nós guardamos estas matérias primas com cuidado e de forma organizada, para que na hora adequada possamos usá-las.
E assim vamos construindo nossas estratégias e armaduras com um único intuito: responder ao externo de forma adequada, esperada e muito bem condicionada. Tudo para proteger-se.
Proteger-se entre outras coisas de ser rejeitada, temos uma necessidade imensa de nos sentirmos parte de alguma coisa, seja lá o que for. Precisamos ser coerente com o esperado. Agir, exatamente, como a situação exige. Seja lá o que isso possa significar para nossa soberania.
Bom, podemos até dizer, “Estou  pouco ligando para o que os outros vão pensar”. “Faço o que acho que deva fazer, não tenho medo de assumir o que penso, sinto ou faço.”
Justamente!
Pois é exatamente disto que falo.
Até o fato de “ser diferente”, “revolucionária”, “espontânea”, “não fazer parte do esquema”, ou o nome que queiramos dar. Tudo isto ainda é não ser aquilo que se é.
E por quê?
Ora, pelo fato de que não é a partir de nossa legítima vontade, ou mesmo verdade. E sim, uma reatividade ao estabelecido. Trocando em miúdos: temos como referência o próprio sistema condicionado, não é a partir de si própria, de seu verdadeiro ser.
Até porque fomos tão condicionados a negá-lo a não considerá-lo, a não vê-lo. A tal ponto, que acreditamos mesmo que ele não existe.
Jung já há muito dizia, nosso self está obscurecido pelo que acreditamos que somos, sem verdadeiramente sabermos quem somos.
Acreditamos que somos tudo que mostramos através de nossa personalidade. E esta foi construída a partir de muitos, muitos condicionamentos.
Reagimos ao externo, com emoções e pensamentos ou mesmo atitudes a partir de nossa personalidade. Ou ego.
E este é o resultado de uma construção lenta e inexorável do que nos foi revelado, mostrado, ensinado, e mesmo imposto ao longo de todos estes anos. E aí estamos nós com tudo que dizemos que somos. Mas somos isso mesmo? Será?
Ou será que somos a construção daquilo que nos moldaram sem nosso consentimento legítimo? 
Somos o resultado de uma imposição. E passamos a vida achando que somos isso.
Tão afastadas de nós mesmas. A ponto de nem gostarmos muito de nós. Ou do resultado apresentado pelos nossos condicionamentos.
Aliás, esta é a primeira conseqüência do afastamento de nós mesmas.
A gente não se ama. Até fingimos que sim, mas, se percebermos nossas reações frente à vida, ao amor e às relações vamos ver que passamos muito ao largo da auto-estima. E quanto a isso eu nem preciso me estender. Cada uma sabe muito bem do que estou a falar.
Então, não nos amamos, não sabemos quem somos, sabemos apenas que somos uma amálgama condicionada que chamamos de personalidade. Se não sabemos de nós, como saber dos outros? Se não nos amamos, como é que amamos os outros?
Amor, vamos falar aqui sem pieguice ou “romancismos” .
O amor é vida! E ela se desenvolve no ventre materno. Mas também é aí que inicia-se o processo do condicionamento. Recebemos toda a carga de nossas mães e dos que a rodeiam, do externo. E recebemos o amor de nossa mãe conforme seu condicionamento e sua capacidade amorosa, assim como de nosso pai. E ao nascermos já estamos muito, mas muito condicionados.
Condicionados, entre outras coisas, a um físico muito frágil e dependente. E mais, já condicionados a perceber que necessitamos de alguma coisa, inclusive de amor para sobreviver. E assim, uma sensação começa a ser incutida em nossa psiquê.
Esta é a primeira crueldade que recebemos do sistema e claro, é um condicionamento: Precisamos receber amor, pois não temos o suficiente, mesmo que seja um mínimo. E temos uma imensa sensação de escassez. Escassez esta que nos seguirá como uma sombra pelo resto de nossas vidas condicionadas.
Esta é a grande mentira que nos é impingida!
E sabe por quê? Não somos carentes de amor, fomos enganadas por toda nossa vida acreditando que devíamos buscar fora de nós algum amor para preencher nossa falsa carência.
Esquecidas de nós e de nosso ser legítimo que é constituído de amor.  
E aí saímos pela vida como mendigas de amor. Fazendo qualquer coisa por um punhado de amor e de reconhecimentos, de aplausos para sentirmos que valemos alguma coisa.
E quando ficamos, por exemplo, desempregadas, sem recursos financeiros, sentimos que somos o coco do cavalo do bandido. Entramos em depressão.
Ora, o sistema nos faz assim:
Valemos pelo que pesamos em recursos financeiros. Ou mesmo nos parcos recursos que recebemos por toda uma vida de formação, seja acadêmica ou profissional.
E se não temos isso? Lá vem tristezas, depressões, etc.
O mesmo se dá quando acabamos uma relação afetiva. Quando alguém parte parece que leva um pedaço de nós, e temos a sensação de que ficamos quase sem alma. Pois colocamos na outra pessoa a responsabilidade de sermos felizes. Desencontradas que estamos de nós mesmos!
E um medo imenso se estabelece.
Gastamos uma enormidade de recursos em terapias para rastrear quem somos, para melhorar nossos relacionamentos, nossa forma de viver, de reagir às situações que nos apresentam. Tudo porque não sabemos quem somos.
E como ser o que se é, se não sabemos o que somos?
Desconstruir estes condicionamentos demanda uma tremenda coragem e confiança.
Confiança de que por baixo dos escombros daquilo que julgávamos que éramos há uma verdade, há um nós mesmas inteiramente desconhecidas!
Buscamos a verdade sempre na referência externa, mas a verdade sempre esteve em nós mesmos.
Em cada um de nós há um ser soberano.
Um ser que é o único responsável pela nossa vida e sobrevivência em meio a tantas ilusões, a tantas falsas personalidades que até então acreditávamos serem verdadeiras.
Dêem o nome que quiserem, mas este é nosso verdadeiro ser.
Um ser soberano, amante, incorruptível em seu amor, cuja magnificência sequer supomos.
Encontrá-lo é uma urgência.