quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A Sociedade é misógina

Hoje é o Dia Internacional da Não Violência contra a mulher.

Um dia em que em todo o mundo há manifestações contra a violência à mulher!

Bem, interessante como o sistema funciona não?

Ao longo de milênios tratou de tornar a mulher um objeto de tal ordem inferior que podia-se tratá-la como a um animal.

E fez isso tão bem feitinho que ao longo da história as mulheres foram subjugadas, impedidas de serem consideradas seres humanos. E na qual a violência era permitida, fosse de que ordem fosse. Vende-las, trocá-las, vilipendiá-las, maltratá-las, espancá-las, matá-las, e tudo com uma impunidade magnífica!

Agora, na atualidade, alguma coisa mudou. Será??????

Mas o sistema se autobeneficia, inventa umas comemorações alguns eventos, tudo com a profundidade de uma gota d´agua!

Essencialmente nada muda!

Cria dia pra tudo, ok...ok...é para lembrar que não podemos fazer tal coisa ou que devemos fazer uma outra coisa.

Um pouco hipócrita? Talvez.

O fato é que as mulheres continuam como subproduto em uma sociedade e não me venham dizer que isto ocorre em algumas, pois é em todas!

Alguns “experts” no assunto dizem que é fácil a desconstrução deste estigma de “ser inferior”, pelo simples fato de que isso foi construído. Hã??? Hã?? Eu ouvi bem?

Aff! Cada uma!

Agora um fato;

Historicamente o domínio de gênero começou sabe-se lá quando, mas com certeza há milênios, ao se perceber que a mulher não gerava sozinha sua prole.

Sim, porque até então se vivia o matriarcado. E acreditava-se que a geração era espontânea tendo como única contribuinte, deste mistério, a mulher.

Até que percebeu-se que não, que o homem era a outra ponta nesta que "deveria" ser uma parceria. Digo-o bem: Deveria! Mas tal não aconteceu! E lá isso é coisa que se pense?

Ao descobrir o processo de como era a coisa,o homem disse com seus botões (apesar de que, nesta época o botão ainda não havia sido inventado):

O semem é meu, @ filh@ é minha, , então eu sou o dono de tudo. E com este pensamento de propriedade iniciou-se uma revolução nos costumes.

A mulher passou a ser um objeto de procriação e de posse. Passou a ser uma boa mercadoria para pais em situação de carência trocá-las por um ou dois animais. Passou a ser a femea com boa anca e saúde para gerar muuuuuuitos filhos, de preferência machos!

E a sociedade passou a considerá-las exatamente assim:

Seres de segunda categoria tal qual qualquer animal.

Mas ai a tal pergunta: Mas a mulher não é um ser da sociedade?

Não, não era! E desculpem-me, ainda hoje é pouco considerada como tal!

Aqui vão alguns exemplos de como as mulheres eram vistas ao longo de um período da história:

“A mulher é vítima de irremediável inferioridade mental”. Eurípedes

“Existe o princípio bom que criou a ordem, a luz e o homem, e o princípio mau que criou o caos, a treva e a mulher”. Pitágoras

“A mulher é mulher em virtude de uma deficiência, que devia viver fechada em sua casa e subordinada ao homem”. Aristóteles

“A mulher é um animal de cabelos longos e idéias curtas”. Shopenhauer

“Loura, linda é sinônimo de burra” Ditado popular e sempre presente em piadas em nosso mundo atual.

Em poucas centenas de anos atrás, na medicina, só havia um sexo:o masculino. A mulher era considerada homem com sexo às avessas.

A violência contra a mulher é milenar, pois é uma violência que destrói a alma feminina!

A violência não é apenas física, esta é a parte concreta, visível e na maioria das vezes, torna-se a vitima a culpada pela violência sofrida.Ou não é assim?

Ao longo da história o feminino tem sido execrado pela sociedade.

Nas escrituras sagradas, a mulher sempre se dá mal e é vista como a encarnação da tentação, da maldade, daquela que sempre está presente na tentação do homem para que ele peque! Puxa, tadinho! Tão inocente e fraquinho! Tão facilmente manipulável!

Para que as mulheres tivessem direito ao voto, quantas sufragistas morreram? Quantas foram humilhadas? Quantas foram presas , torturadas?

Maria de Magdala, a grande discípula, aquela que a história e os pesquisadores resgatam em suas pesquisas, foi a grande companheira espiritual de Jesus. Quer se acredite ou não, a história conta através de documentos. E aqui não falo de religiosidades.Falo da mulher, uma das poucas que na época era letrada. A esta foi oferecido o cognome de puta arrependida! E por quem? Pelos próprios cristãos!

Agora, temos uma novidade no ar!

Não, não se trata de um movimento político, social ou de minorias.

Trata-se de um novo vento no mundo, daquelas brisas que renovam o ar e tiram as coisas do lugar, da sua zona de conforto!

É finalmente a união das energias masculinas e feminas.

É algo que não é visto, ainda, mas já é tangível em nossos seres.

É algo que se chama androginia! E nada tem a ver com os conceitos que pululam por ai do que seja androginia.

O ser andrógino está no ar!

E que muito ainda dará o que falar. Aguardem!

4 comentários:

Duca disse...

Excelente post meu amor!

Sabes que aqui em Portugal O presidente da comissão executiva para a paridade de género, é um homem?!
Será que nem para uma coisa deste género havia uma mulher capaz de assumir este cargo, num Portugal onde há mais de 20 anos saiem das universidades mais mulheres com cursos superiores concluídos que homens?

Ontem celebrou-se o dia internacional de quê?! Da não violência contra a mulher? Mas colocar as mulheres fora dos lugares de decisão política e empresarial, apesar de se saber que elas são, em média, muito mais capacitadas que eles, não é uma violência contra elas?

Para além de misógina esta sociedade é hipócrita, pois clama igualdades que depois na prática não existem!

Dá-me vontade de mandar esses machistas encapotados e hipócritas levar num sítio que eu cá sei!

Te amo

Andarilha das Estrelas disse...

Amor querido
É impressionante, mesmo, a hipocrisia, a dissimulação e o jogo que a sociedade misógina pratica!
E olha que eu nem falei dos estupros dos ´pais, irmãos, tios, etc. Até porque eu queria mesmo era de falar da violência do dia a dia, da história, das instituições,religiosas e políticas.
É incrível essa situação ai, da Paridade de Gênero. Não foi este mesmo presidente que num programa de TV comentou a violência doméstica que homens sofrem? Aff! Será que percentualmente esta violência é significativa frente ao número de indecências domésticas que a portuguesas estão sofrendo?
É um descaso com o gênero feminino uma declaração destas e mais um cara destes estar nesta presidência! E salve a misoginia social!

Pipinha disse...

Definido no I Encontro Feminista Latino-Americano e do Caribe, realizado em 1981, em Bogotá, Colômbia, o 25 de Novembro é o Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher. A data foi escolhida para lembrar as irmãs Mirabal (Pátria, Minerva e Maria Teresa), assassinadas pela ditadura de Leônidas Trujillo na República Dominicana.
Em 25 de novembro de 1991, foi iniciada a Campanha Mundial pelos Direitos Humanos das Mulheres, sob a coordenação do Centro de Liderança Global da Mulher, que propôs os 16 Dias de Activismo contra a Violência contra as Mulheres, que começam em 25 de Novembro e encerram-se no dia 10 de Dezembro, aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada em 1948. Em março de 1999, o dia 25 de Novembro foi reconhecido pelas Nações Unidas (ONU) como o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher.

Queridas Andarilha e Duca, eu concordo que não é apenas por assinalar uma data no calendário que os problemas se resolvem!... Há tanto caminho por trilhar nestas lutas!... mas não desistimos e estas datas são para estas guerrilheiras (e eu humildemente me incluo nestas fileiras!) momentos particularmente importantes, acreditem!
Abraço

Andarilha das Estrelas disse...

Pipinha,
Eu, pessoalmente, não acredito mais nas formas que temos de "luta". Sério, já fui ativista de muitas maneiras.E em muitas caudas. LAmentavel o que sempre testemunhei: a causa perde sentido na busca pelo poder e pela evidência dos egos.Nisto não mais participo. Mas o faço de maneira distinta da que sempre fiz.E saiba que foram mais de 30 anos de ativismo, buscando protagonismo feminino, lésbico e ativista contra a ditadura que se instalou neste país nos idos de 1964.
Só que não vejo o caminho mais por estes meios.
Abraços e gratidão por suas palavras!