Faz Parte do "Seu" Show, Meu Amor!

Quando o vi pela primeira vez, ele se embalava ao ritmo das arvores, numa cadência de ir embora para dentro ...

Encantava-se, integralmente, com o vento a espalhar e a embaralhar a terra ao ser jogada ao ar por suas mãozinhas.

O mergulho para o silêncio e para o interior feito através da melodia do ar, da terra e da água, a correr por suas veias, pulsando em ritmo do seu ser todo dorido.

Seu pequeno corpo de menino flutuava, desconexo ao derredor, movia-se com os sentidos inteiramente voltados ao infinito interno, o espaço exterior lhe era por demais imperceptível. Nele não se localizava.

Pequenino em seus três anos, solidão ritmica!

Como as árvores, os pássaros e o vento, desenvolveu-se pelos ruídos que, em si mesmo, formavam sinfonias.

À exaustão, procurou entender o mundo cujos significados lhe eram absurdos, intoleráveis e por demais complexos.

Em sua simplicidade rítmica, seu olhar por vezes estupefato, por vezes atemorizado, por vezes alegre, sempre mostrava em simultâneo sua doce, gentil e pura alma de Ser, cuja presença sempre foi a nota faltante para uma sinfonia por demais inacabada.

Superação, desabrochar e se colocar frente ao mundo, de maneira teimosamente incorruptível!

Para tal feito, elegeu a música como sua paixão, seu sonho e sua meta para estar, para mostrar e para sobreviver a um mundo hostil e totalmente dissonante.

Em seus agora 19 anos, meu menino sorriso que por toda esta existência fez de sua vida um verdadeiro show de superações, me presenteia com seu lindo cantar em uma casa da Lapa, chamada “Memórias do Rio”.

Meu choro emocionado, minha gratidão desmesurada pela memória deste menino do Rio cujos passos cadenciados ao ritmo de sua composição sinfônica se tornaram meu livro de aprendizado.

De quem falo?

Ora, do meu filho Jô, o menino sorriso que nasceu no primeiro dia de uma primavera cujas flores e cores foram criadas por sua varinha de maestro a conduzir sua vida no melhor estilo musical!