sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Ó Pá, Desculpa lá!
Mulheres de Lisboa – Parte 1
Acostumada a beleza carioca, Ó Pá! Desculpa lá, mas as Alfacinhas são demais!
Outro dia caminhando pelas pedras portuguesas, turista atrás de bonde que se chama eléctrico.
Lá estava eu, no Rato, em busca do 28!
E lá vem ela linda, gingando, absolutamente elegante.
Pensei: “ olha que coisa mais linda, mais cheia de graça…”
Lenta, em seus passinhos, mas sabendo onde vai.
Eu...perdida atrás do tal 28.
Ela sabendo exatamente onde estava e a que vinha.
Cabelos, aristocraticamente, arranjados. Colares, rigorosamente, encaixados ao pescoço.
Brincos harmoniosos.
Em seu elegante vestido de verão.
Sim, pois Lisboa é um caldo. Daqueles bem quente e….saboroso de degustar.
Eu… ai! Carioca, transgressora a buscar a linha do 28.
Parei e fiquei mais perdida naquela que chegava cheia de graça.
Sorriu-me, quedei extasiada tímida perguntei:
- E o 28?
Ela fitou-me, longamente, como a querer entender que diabos era o 28!
Posso ser carioca perdida em Lisboa mas não sou burra. Percebi logo : Ela queria , mas não sabia.
Com suas mãos finas e delicadas pegou-me ao braço, aproximou seu rosto pequeno ao meu e disse:
- Adoro o Brasil, de onde és?
Mais tímida ainda, respondi
- Do Rio de Janeiro
Já me perguntava: como é que ela sabia que eu era brasileira?
Ela continuou, sem me dar a menor…
- Rio de Janeiro, a mais linda cidade do mundo.
Outra vez sorriu e disse:
-Conheço muitas cidades do mundo, Ásia, Europa, tudo…mas igual a vossa cidade nunca vi tão linda!
Agradeci, ou melhor tentei retribuir a gentileza mas quedei-me sem ter muito o que falar.
Seus olhos brilhantes de prazer ao relembrar!
Pegou-me levemente e com voz doce:
- Querida onde tu queres ir?
Eu:
- Para o Chiado, na Brasileira, tomar um café com Fernando Pessoa.
- Então vou acompanhar-te ao ponto certo.
De braços dados caminhamos mais um pouco levou-me a um ponto
- Teu carril é o 709.
E eu fiquei ali, parada, e ela foi-se, não sem antes sorrir e eu quase a dar-lhe meu telefone, endereço, blog, orkut, tudinho.
Puro encantamento!
Ela, ainda sorrindo mais, disse:
- Vou ao Rio de Janeiro em breve.
Então me telefone, respondi e já estava a abrir a bolsa para pegar um papel e uma caneta, mas ela já ia, continuada em seu elegante e firme caminhar.
Caminho longamente percorrido em seus quase 80 anos.
Ah! As elegantes senhôras(assim com este acento mesmo)
Ah! As ternas mulheres desta Lisboa, inexoravelmente, feminina!
Mulheres de Lisboa – Parte 2
Esta Lisboa e suas mulheres.
Bom, era para ser esta a primeira parte, mas como sou adversa, acabo pelo começo
Então…cheguei no sábado.
Aniversário pintando no pedaço!
Meio a paixão desenfreada e louca saudade, eu e meu amor conseguimos pausar e chegar lá.
No aniversário, é claro!
A festa?
Opa lá! De uma anciã de 23 anos.
Espírito ancestral, alma antiga, sábia em um corpo juvenil.
Quero deixar claro que não fui recebida pelas amigas de meu amor.
Não, não fui!
Fui acolhida.
Fui aclamada
Fui festejada.
Ah! Estas mulheres de Lisboa!
Estou em estado de estupefação!
Foi uma azinhaga na cidade!
O pa lá, sorry cariocas!
Mas as Alfacinhas são um esplendor de generosidade.
De deixar uma gaja , como eu, quentinha por dentro.
E mais, o calor, o afeto e a alegria daquelas belas mulheres me deixaram, perfeitamente, em casa.
Gente, não é por causa da língua não!
Apesar de que…ui!
É por causa das mulheres, amigas de minha amada.
Me tomaram, me abraçaram, me inundaram de alegria, ternamente me colocaram no colo
amantemente me acolheram.
Gratidão mulheres desta Lisboa,
transcendentalmente, feminina.
PS
Leãozinho , teu rugir brada ancestralidade
Tenente, teu perfilar é tão doce quanto o toucinho-do-céu.
Lugar-tenente, teu emaranhado de cabelos envolveu minha face com ternura, naquele abraço desconcertado.
Cosmopolita – Te conheço há bué e te recebi em minha alma antes mesmo de nascermos.
Citadina – querida tão doce, tão apaixonadamente atenta “teus ombros suportam o peso do mundo e ele não pesa mais que as mãos de uma criança.”, como disse nosso querido Drumond.
Então encerro este post declarando o meu amor incondicional a estas mulheres.
Mulheres desta Lisboa, andarilhamente, feminina.
O pá desculpe lá, mas não foi um homem que descobriu o Brasil. Foi uma nação inteiramente mulher.
Meu peito declara,
grita:
Oh! Lisboa tua feminilidade arrebata-me!
Mulheres de Lisboa – Parte 3
Esta mulher de Lisboa!
Ela anda como a carregar asas aos pés.
Pés lindos que acarinho e beijo e lavo como a passar bálsamo.
Honro pelo trajeto cujas pegadas são indeléveis
E lá vai ela, cadência leve
E lá vem ela estendendo o sorriso…
Como tapete para eu caminhar, tão macio e leve quanto ela
Aqui, sentada, espero, nesta esquina esplanada, arrojada à esta Santa Rua Marta.
É assim, neste cotidiano que ela vem e vai derramando sua graciosidade africanamente portuguesa
Quem a conhece sabe, como eu, a nobreza deste ir e vir!
Ela é meu infinito olhar!
Este presente que foi meu passado e compromete meu futuro.
Sinto-me em aliança com o amor que lhe oferto.
Este amor que tenho, que sou, que compartilho.
Este amor que me redescobre a cada atmo do meu piscar
Alamedas em meu amor que agora toco as suaves melodias tangidas ao roçar por este vento que se recusou a levar nosso descobridor às Índias.
Sou Tamoia remanescente neste encontro marcado, ali, onde o vento parou e o mar se fez esquina.
Andarilha fazendo o trajeto inverso a encontrar quem descobriu minhas veias latinas , minhas cores berrantes e minhas entranhas virgens a espera desta que antes de se apossar já era reina.
Espelhada em beleza, em adolescente paixão, em arrojadas descobertas
E ela, companheira encontrada em meu andarilhar por existências.
A você, Africana linda, estendo minha nação, tome-a, é tua.
Que por tantas torres com olhos de falcão te busquei.
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14 comentários:
....ohhhhh minha querida andarilha,
que lindo sua emoçao, e sua alegria em compartilhar suas andanças nestas terras tao antigas, e seu reencontro com sua amada, e suas amigas, e mulheres e senhoras de cabelos brancos e alinhados,,,,,ahhhh eu consequi visualizar a cena, e na minha imaginaçao , vivencia-la tb...
ahhhh como e' bom conhecer e fazer novas amizades, principalmente de pessoas do bem,,,,e ainda mais do bem querer,,,nao e' mesmo....
estou feliz por vcs, pq a vida e' maravilhosamente magica, e nas suas idas e voltas, sempre nos acalenta com surpresas admiraveis,,,e fantasticas, onde o AMOR se mostra nos pequenos detalhes....td ai e' lindo, pq sao seus olhos enamorados que reflete este espelho do cotidiano portuques,,,,,aproveite muito por todos nos,,,e nao deixe de compartilhar um pouquinho , ta...pq vamos contigo nesta viagem!
beijos para vc e Duca com meu carinho!
mineira.
que sorte a minha ter vindo dar uma olhadinha aqui...mesmo sabendo que vc esta em lua de mel,,,pensei: quem sabe ela da' um oizinho,,,,rsss
acertei!...rs
Hedi, minha amiga poeta!!
Que sonho tudo que leio!!
Imagino para vc que é a mais pura realidade, o delírio que não é!!
Mande milhões de beijos meus para a Duca!!
Quando voltar, uma tarde será pouco para tantos "causos" e descobertas! Porém, já está marcado!!
Saudades cariocas, pois estou até lamentando que não sou lisboeta!
Fiquei com ciúmes!!
Tuas histórias vão para o Lesbosfera nesse minuto!!
Mari
Nossa,querida,me deixou sem folêgo e eu que já morei com uma lisboeta sei o que é uma delícia no bom português.No entanto,minha cara,estou cá achando que esses ares daí te impregnou de paixão,de poesia,de beleza e sensualidade que nem 10 Rios de Janeiros,desculpem-me as cariocas.Estou com a moça Queer,pensando em fugir para esse paraíso de fazer inveja a Safo,que como você sabe vivia socada naquela ilha num rebuceteio sem fim.Saudades.Beijos doces.
Meu amor,
Sem que te tenha dito nada, percebeste a feminilidade de Lisboa. É, de facto, uma cidade toda ela feminina.
Curiosamente, há um fado cantado por Carlos do Carmo cujo refrão diz isto:
"Lisboa menina e moça, menina
Da luz que meus olhos vêem tão pura
Teus seios são as colinas, varina
Pregão que me traz à porta, ternura
Cidade a ponto luz bordada
Toalha à beira mar estendida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida."
Não imaginas como me sinto feliz por aqui estares comigo e por te ver igualmente feliz!
Beijo
Mineirinha doce
Pois daqui deta nação deslumbrante e amorosa fico mesmo em profundo estado de paixão.
Ahhh como é bom poder viver em Lisboa, mesmo que por uns tempos, mas descaradamente feliz!
Depois conto mais destas terras que estou a andarilhar.
QUeer Girls
AMiga, não precisa de ciúmes pois tenho-te em meu coração e a tua amada também. MAs estou vivendo dias de arrazar uma gaja. Ui!
Lisboa é uma cidade romântica, meu amor me leva a cada "sitios" uauuuuuuuuuuuuuuuuu!
Jantar a beira do Atlântico norte, a luz de velas e com a amada a frente sorrindo é de tirar o fôlego!
Projetista de minhas naves, querida. Pois então, Lisboa é tudim como falei.E as mulheres são lindas, elegantes e ...
QUanto a mim estou em estado de catatonia apaixonada.
Deslumbrada com esta bela cidade, com este Tejo que é um mar e com a luz que Lisboa tem!
A luz da própria cidade aliada a luz da minha amada.
Não há nada que se assemelhe a isto!
Duca
Minha linda mulher és como Lisboa, luminosa, bela, elegante e tremendamente quente!
Ui, que calor!
Minha felicidade é a tua, pois és aquela que me transforma e me mostra toda a beleza que existe em teu ser. Alma que tanto busquei, enfim, te encontrar foi de fato um belo arranjo feito por quem nos queria bem!
Minha querida Andarilha, já gostávamos de ti antes de te conhecermos pessoalmente, tal era a forma como a Duca falava de ti.
Mas no encontro que surpresa! A realidade superou todas as expectativas! Tu és tão culta, tão carinhosa e terna, de uma sensibilidade tão grande, tão física na demonstração do afecto,o coração a transbordar nos gestos e palavras, tão jovem nesse sorriso lindo e maroto...Que mulher linda! Parecia que nos conhecíamos desde sempre.
Não sei se te vamos deixar ir embora, não! Até porque é lindo ver o vosso amor, teu e da Duca.
Um abraço apertado
Faço minhas a palavras da Cosmo e acrescento um agradecimento muito sensibilizado pela frase do Drumond: obrigada por me veres assim. ;)
Querida amiga Cosmopolita.
Fico tão sensibilizada com teu comentário!
Sim, eu sei que nos conhecemos desde sempre.
E posso ir-me, mas parte de meu coração aqui fica. Com estas lindas mulheres de Lisboa.
Com este acolher que me encanta.
Se Duca me oferta tanto, mas tanto que a plenitude é um estado perene ao lado dela, me ofertou te conhecer e a Citadina que presente! Putz!!
Citadina
A ti agradeço a presença maravilhosa e absolutamente dadivosa!!!
És tão generosa, tão bela!
Duca, nobre e generosa como é, só poderia ter como amigas mulheres de tua estirpe!
Sinto-me honrada em partilhar de tua amizade. De receber tamanho apreço!
Beijo-te amiga, a ti e a nossa querida Cosmopolita.
Provavelmente, repito, provavelmente, alguém vai perguntar o que faz um gajo metido entre esta maravilhosa gente.
Não preciso responder.
Aceitam-me, eu sei. Tenho a certeza.
Podia lá eu passar, ler esta maravilha que a "Andarilha" aqui colocou, sem deixar a minha "marca"?
Longe disso.
Nesta descrição em três actos, a Andarilha demonstra tudo o que é.
Quer dizer, quase tudo.
Mostra uma sensibilidade ímpar. O conhecimento que tem da raça humana.
Sabe dizer que 2 + 2 são 4 sem recorrer a subterfúgios ou artimanhas.
Não estivesse a parcos 5 minutos do jantar (já cheira) e esta Andarilha querida tinha que ouvir (entenda-se ler) das boas.
Então a senhora vem a Portugal e tem o atrevimento de mostrar a muita gente como se descreve o lado feminino lusitano?
Uma coisa que, estou certo, muitos homens o não fariam com tanta classe e com tanta elegância.
Obrigado, Andarilha, por esta leitura que me proporcionou.
Aceite um beijo.
E já sabe. Se vir por aí uma menina que responde por Dulce, dê-lhe um beijo meu.
Combinado?
Observador
Amigo tão querido, você é um gajo, que, apesar de não conhece-lo pessoalmente, conheço seu ser amoroso e terno.
Seu coração, amigo, tem um lado feminino que saquei desde seu primeiro comentário neste blog.
Precisei tomar fôlego para responder a este seu comentário repleto de belas colocações, que a maioria não sinto ser merecedora. A parte o atrevimento que este sim me reflete.
Sinto-me atrevida a tal ponto que me aproximei de mulheres como as que descrevi e acolhi em meu coração.
Puro atrevimento, já que me pergunto sempre: "e agora como vou dar conta?"
Eu, uma Andarilha, cariocamente, desleixada de pudores e de saberes rodeada por encantadoras inteligências, com vivências tão históricas quanto esta bela e antiga cidade.
Então, observador mando-lhe um beijo cheio de atrevimentos amigo e mesmo sendo atrevido com muito respeito! :D
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