domingo, 4 de maio de 2008

Homofobia Internalizada


Homofobia internalizada
Quem eu? Homofóbica? Claro que não, sou homossexual assumida, só não gosto de lésbicas caminhoneiras e butches. Se eu gostasse de homem, namoraria um homem não uma caminhoneira!”.... hummmm num é que é???
Ou então assim ó:
“Ahhh não, gay tudo bem, mas tem cada um que pelamordedeus!!! São verdadeiras bichas, bonecas e minha gente, travesti é só pra gente rir!”
E tem mais:
“Transexuais? Ahhh isso é doença a pessoa não aceitar o corpo que Deus lhe deu???"
E quantas piadas repetem por ai quantos nomes que carregam em seu bojo a discriminação. E depois falam:
É brincadeira, eu não penso isto. Mas é um pensamento e isto é mental, e a homofobia é um sentimento de baixa-estima. Onde o que se está afirmando é: Eu sou homossexual, mas sou diferente... eu não sou como os outros.
O que está por trás destas piadinhas e atitudes é:
Eu não me aceito e não aceito o outro
Então, desculpe-me, mas vai no seco, sem anestesia:
Vamos tocar num ponto que muita gente nega, não reconhece e diz que não.
Uops... sim, a Homofobia internalizada!
E minha gente, ela é inconsciente!
Meyer e Dean (1998) definem Homofobia Internalizada como «o direcionamento das atitudes sociais negativas para o self da pessoa gay, levando à desvalorização desse self e resultantes conflitos internos e uma auto-imagem empobrecida».
Não sou nenhuma expert ou acadêmica em práticas terapêuticas.
Mas sou ser vivente e carrego meus 61 anos em experiências que me tornam o ser que hoje sou.
E isto significa uma trajetória.
Quer saber mais? Todas e todos nós temos homofobia internalizada!
Sabe aqueles momentos de nossa infância que gostávamos de brincar as brincadeiras ditas próprias do outro gênero?
Começamos a receber mensagens de que nosso comportamento era inadequado.
Começamos a perguntar o que está errado comigo?
Começamos a perguntar por quê?
E mesmo não tendo a ver com sexualidade nós sentimos que algo estava errado
Sentimentos de que o eu sou naturalmente está errado!
Tipo: Eu não aceito isto em mim.
E começo a ter sentimentos negativos sobre em mim!
E então... Se desde cedo eu percebo que aquilo que sou, me trás dor, eu construo um mecanismo para me defender da dor. E um dos mecanismos é esconder, internalizar, não aceitar e rejeitar no outro aquilo que me reflete!
E com o passar dos anos, já em nossa adolescência e vida adulta, tudo que ouvimos a respeito e mais o que ouvimos na sociedade, na mídia, nas pessoas nos levaram a nos sentirmos negativos e a baixa estima se estabeleceu!
E assim, internalizamos a homofobia!
A sociedade heteronormativa nos carimba assim.
Esta sociedade tem a heterossexualidade como compulsória! Antes mesmo de se revelar o gênero quando uma criança nasce a priori é hetero!
Então convido a reflexão, todas nós possuímos homofobia internalizada!
Mas podemos transpor este sentimento, compreendendo-o, aceitando-o como real e trabalhando-o. Nega-lo só o fortalece!
E se vocês duvidam, eu sei que a homofobia internalizada destrói a relação afetiva, mesmo que exista amor!
Então, se quisermos transformar o mundo, que tal começarmos por nós mesmas!

6 comentários:

Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens disse...

Muito bom texto.
Divulga-lo é o meio mais importante de criarmos uma imensa rede de reflexão.
As pessoas estão muito a parte de um veredadeiro movimento social. O que percebemos nos dias de hoje é uma tremenda movimentação dentro dos segmentos, principalmente GLBTT.
Parabéns pelo texto.
Vagner de Almeida
www.vagnerdealmeida.com

claudialcantara@gmail.com disse...

Oi adorei o texto. Há muitas maneiras pelas quais internalizamos sentimentos que negam aquilo que sentimos, aquilo que somos e isso só nos aodece. Obrigada pela luz que vc acendeu. Vlw Cláudia

Andarilha das Estrelas disse...

Wagner amigo delicioso.Então, contiuemos nossa jornada. Nós a fizemos e ela pode ser criativa, como você a faz, pode ser de conscientização e de paz.

Andarilha das Estrelas disse...

Querida Claudia, sim e também internalizamos sentimentos de amor, de tolerância e de paciência.
Você me inspirou a este post, querida.Eu é quem devo lhe agradecer.

Duca disse...

Excelente texto, minha querida. E sim, é um facto, mesmo nós somos por vezes homofóbicos.

O que vale é que de vez em quando surgem pessoas como tu que tocam na ferida de modo a nos sentirmos touché obrigando-nos a refletir e a fazer um esforço para alterarmos o nosso comportamento.

Beijo

Andarilha das Estrelas disse...

Querida Duca
Também eu sou estocada muitas vezes, quando ainda me flagro em comportamentos interno de defesa.
Sorte minha encontrar você para me fazer refletir nisto e em muito mais!